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  • Leon Ramos

Como a captação da água da chuva pode te ajudar a economizar


As chuvas podem ser tanto motivo de alegria quanto inconveniências no dia a dia das cidades e no meio rural. Tanto a felicidade incomparável dos brasilienses com a primeira chuva no período de seca, quanto a frustração de um porto-alegrense com um alagamento ou vendaval, as conseqüências das chuvas vão além do estigma das populações por esse evento natural. Elas dependem, muito, da infraestrutura aplicada - em especial, da disposição de tecnologias de escoamento e aproveitamento das águas pluviais - nos centros comerciais, residências e demais construções.

O escoamento e captação de águas pluviais dependem de uma série de elementos utilizados nas obras de engenharia para captar e armazenar a água da chuva para utilização futura. Esses elementos são uma opção para amenizar problemas originados pelas técnicas e materiais que dificultam a realização natural do ciclo da água. A exemplo desses materiais está o concreto convencional, o qual é impermeável e dificulta a chegada da água ao solo e aos lençóis freáticos quando utilizado em pavimentos e edificações.

Logo, a utilização de elementos que facilitam o escoamento ou a captação da água contribui para a redução do risco de enchentes, erosões e escoamento superficial. Além disso, contribui para o consumo sustentável, sendo uma alternativa que permite economia dos recursos hídricos disponíveis e economia nas contas no final do mês.

Um fato interessante relativo a implementação do sistema de captação é a associação com outras tecnologias, como sistemas de automação para dispositivos de irrigação de jardins; aquecedores solares, que podem ser utilizados para aquecimento da água; ou telhados verdes, que são utilizados para o paisagismo e outras funções (clique aqui). Esses sistemas contribuem igualmente para a redução dos problemas urbanos, contribuem para a sustentabilidade da construção e ainda, no caso dos aquecedores, propiciam um banho quente e agradável.

A economia mensal é certa, geralmente de 35% a 60% no consumo da rede de fornecimento. Eduardo Simões, professor da USP de São Carlos, instalou um sistema em sua casa com capacidade de armazenamento de 5 mil litros que proporciona uma economia de 60 mil litros de água por ano. O projeto conta com aquecedor solar e, ainda, um sistema de duplo reuso, em que é possível usar a água para a pia do banheiro e, posteriormente, a mesma ser utilizada para irrigação do jardim.

O sistema também foi utilizado numa residência no Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro, fazendo uso telhado verde (pioneiro na Babilônia), com 49 metros quadrados. Esse tipo de implementação se torna ainda mais interessante nessas regiões de morros em que o risco de desmoronamento por ação da água das chuvas é maior.

A implementação também é recomendável a lojas comerciais, que geralmente fazem uso diário de sistemas de ar condicionado, e indústrias, em que o uso da água é elevado para os processos e maquinários. Os condomínios também podem fazer proveito, principalmente aqueles que contam com jardins, sistemas de refrigeração ou outras demandas que requerem um maior consumo.

Os principais sistemas envolvem o uso de calhas e reservatórios e são utilizados nos diversos tipos de construção. Eles são compostos, basicamente, por telhados (ou qualquer superfície impermeabilizada), calhas, filtro, reservatórios, ou cisternas, constituído por uma parte de descarte e armazenamento e, claro, tubulação para a conexão entre esses elementos.

Para a execução, é necessário um projeto que estude as diversas etapas e analise a melhor forma de captação de acordo com os materiais utilizados, a edificação, a viabilidade econômica e as características meteorológicas do local. Os sistemas de captação são relativamente simples de serem projetados e implementados e o custo geralmente é acessível, porém varia de acordo com cada um desses fatores. A Fundação Estadual do Meio Ambiente indica que devem ser determinados no projeto os passos básicos abaixo.

Análise da demanda de vazão diária ou mensal demandada de água de chuva: compreende um ou todos os pontos de consumo que permitam a utilização de água de chuva, como vasos sanitários, sistemas de arrefecimento para ar condicionado, mangueiras, entre outros.

Determinação da área de captação: área dos telhados ou superfícies impermeabilizadas (como lajes de prédios), sendo que a área de captação é a projeção do telhado na horizontal. O material do qual o telhado é formado influencia severamente na qualidade da água captada. Para análise e comparação, é utilizado o coeficiente de escoamento, um coeficiente que varia de 0 a 1, em que os valores próximos de 1 correspondem a maior eficácia daquele material para a captação.

Índice pluviométrico: Ele pode ser obtido por qualquer pessoa através do site HIDROWEB da ANA (Agência Nacional de Águas), no link

. O site apresenta um guia rápido de navegação para que o usuário possa navegar e obter as informações necessárias. A pesquisa pode ser feita por município, com dados diários e anuais.

Calhas e condutores: O dimensionamento das calhas e condutores deve preferencialmente seguir as normas. Devem ser observadas as dimensões, a rugosidade e a presença de telas e grades para a retenção de sólidos grosseiros, como folhas e gravetos.

Filtros autolimpantes: Eles são os principais responsáveis pela remoção dos sólidos grosseiros que foram carregados pela chuva. Seu tamanho é determinado de acordo com a vazão de água do projeto e a determinação dos passos listados acima.

Água de limpeza do telhado - reservatórios de descarte: a primeira água da chuva é responsável pela limpeza da área de captação, o que acarreta no maior acúmulo de sedimentos e impurezas, sendo preferível o seu descarte. Para isso, geralmente são utilizados reservatórios de descartes com limpeza automática. O volume do reservatório corresponde ao volume de água que será descartado e deve ser determinado de acordo com o índice pluviométrico e a área de captação.

Reservatório de armazenamento - Cisternas: é o elemento responsável por guardar o volume final de água captado que então será utilizado para o uso nos empreendimentos. A escolha do reservatório deve ser feita de acordo com a facilidade de instalação e com as demais escolhas dos projetos. Devem ser feitos cuidados básicos, como evitar a entrada de luz para impedir a proliferação de algas, presença de uma abertura para inspeção e limpeza (no mínimo uma vez por ano) e impermeabilização da cobertura.

Tratamento da água: O grau de tratamento depende dos usos que serão feitos. A seguir, é apresentada uma tabela com alguns exemplos de uso e devido tratamento.

 

É importante ressaltar que a água da chuva não é potável, deve possuir canalização e sistemas de abastecimento próprios e não deve ser misturada com água potável. Outros procedimentos também podem ser necessários, de acordo com detalhes e especificidades da edificação ou da utilização da água. Sugere-se que no início da operação do sistema de aproveitamento seja feita uma caracterização microbiológica e físico-química da água coletada. Deve-se também realizar sempre a inspeção visual do aspecto da água a fim de verificar seu aspecto incolor e presença de anormalidades e detritos.

Outro ponto importante é que, apesar das diversas soluções práticas e caseiras para algumas etapas, recomenda-se sempre ser feito o contato com o profissional especializado para aplicação dos sistemas e possíveis problemas que podem ocorrer. A manutenção deve ser feita periodicamente de acordo com o prazo determinado pelos fabricantes de cada componente ou com o engenheiro ou técnico responsável.


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